Investidor aproveita bolsa barata para fazer aquisições na B3

Concorrentes ou fundos de private equity buscam empresa com preço descontado para comprar participação Por Lucinda Pinto e Nelson Niero

Em um momento em que o exterior e o cenário de crescimento econômico limitam a recuperação da bolsa, investidores estratégicos aproveitam os preços descontados para
adquirir participações em companhias brasileiras, num movimento que, na visão de gestores e analistas, é um indicativo de que a bolsa está barata, na comparação com seus pares e com seu desempenho passado.

O investidor estratégico é aquele que compra a participação em uma empresa de olho no potencial de crescimento desse negócio. É o caso de fundos de private equity ou empresas com presença expressiva no setor em que atuam. Em geral, são “players” com fôlego financeiro para carregar posições por um prazo mais longo.

Nos últimos cinco meses, dez anúncios de operações avaliados pelo Valor, que incluem compras de controle, fusões e aquisições de participações minoritárias, fizeram com que as ações das empresas-alvo aumentasse 21% em média. O valor de mercado da amostra cresceu cerca de R$ 25 bilhões até ontem, considerando como prazo inicial a data do anúncio do negócio.

A profusão de compra de participação de companhias por investidores estratégicos, assim como o aumento de recompra de ações pelas companhias, é um fenômeno que se observa nos momentos de baixa do mercado, diz João Luis Braga, sócio-fundador da Encore Asset Management. “É um sinal gigantesco de que a bolsa está extremamente barata.”

Quem tira proveito desse cenário, normalmente, são os investidores que têm um perfil de prazo mais longo – como os fundos de investimento em participações, ou “private equity” -, que têm fôlego para suportar os riscos macroeconômicos típicos dos momentos de bolsa desvalorizada. “O investidor estratégico que tem grana no bolso aproveita e acaba dando saída para o curtoprazista”, diz Braga.

Na semana passada, o fundo americano Apollo Global fez uma nova proposta pela Braskem, que avalia a petroquímica em R$ 37 bilhões. A ação subiu 25% desde o anúncio. A compra de uma participação na Vale pela Cosan foi outro grande negócio recente na bolsa. O grupo, que tem operações em agronegócios, energia e logística, está disposto a pagar cerca de R$ 22 bilhões para ficar com 6,50% da mineradora, uma das maiores produtoras de minério de ferro do mundo.

O aumento do número de negócios feitos por investidores estratégicos na bolsa pode ser visto como um fenômeno oposto às ondas de ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês), diz Leonardo Rufino, sócio e gestor de renda variável da Mantaro Capital.

Enquanto mercados fortes e aquecidos abrem espaço para novas listagens, os períodos de bolsa abaixo do que é considerado o “preço justo” atraem os estratégicos, que tipicamente buscam participações minoritárias em bons negócios a bons preços, de olho no ganho de longo prazo.

Não houve nenhum IPO no Brasil neste ano, o que se compara às 74 operações nos anos de 2020 e 2021, numa época em que a queda da taxa de juros deu tração à bolsa. E, como é comum em fases de euforia na bolsa, muitas ações acabaram estreando com preços superestimados, o que intensifica o revés que esses papéis sentem nos períodos de baixa.

É exatamente esse ciclo que está se desenhando neste momento: após a onda de IPOs de 2020 e 2021, a correção do mercado derruba ainda mais papéis que foram lançados acima do preço adequado, ou aqueles que já estavam nas carteiras e eram negociados a preços excessivamente valorizados.

Investidores Estratégicos

Segundo levantamento feito pelo Valor Data, das 74 ações de empresas que abriram o capital na B3 entre 2020 e 2021, 49 acumulam desempenho inferior ao Ibovespa. É o caso de Hidrovias do Brasil, que perde 67,3% desde sua estreia, em 24 de setembro de 2020, enquanto o Ibovespa avança cerca de 19% no mesmo período. CSN Mineração cai 55% desde o IPO, em fevereiro de 2021, ante -3,9% do Ibovespa. E Mater Dei perde 49,9% desde abril de 2021, enquanto o Ibovespa recua 3,67%.

Nesse universo das empresas novatas há potencial de mais investidas por parte dos investidores estratégicos. “Empresas que fizeram IPO nos últimos dois anos derreteram, mas muitas outras ações também caíram com força. Então, esse é um campo fértil para aquisições, mas vai ser caso a caso”, afirma Rufino.

Entre as companhias mais consolidadas, de alta qualidade, também há muitos casos em que o retorno potencial do papel está mais alto do que no passado, embora muitas dessas empresas estejam até melhores atualmente. A questão é que, para qualquer um desses grupos, o cenário atual é muito complexo e, portanto, há motivos para que o desconto também seja maior, sobretudo no curto prazo. Isso dá vantagem ao investidor estratégico, que tem tempo para esperar a valorização do ativo, com relação a um fundo de ações, por exemplo.

O Ibovespa é negociado atualmente a um múltiplo de 6,9 vezes, levando-se em consideração a relação preço/lucro, 17% mais barato do que há um ano, quando esse múltiplo estava em 8,3 vezes, diz Gustavo Campanhã, gestor da WHG. Já o índice S&P 500 é negociado a 15,3 vezes atualmente, 26% abaixo do múltiplo de um ano atrás. O desempenho pior da bolsa americana tem a ver com o fato de que praticamente um terço da composição do índice é de companhias de tecnologia e das gigantes Amazon e Google, que são muito mais sensíveis à alta do juro.

No Brasil, cerca de 60% do índice vêm de bancos, commodities e energia – sendo que Vale e Petrobras sozinhas respondem por 25%. A valorização das commodities, além do fato de o país já estar bem à frente do restante do mundo no ciclo de alta de juros, explica a vantagem da bolsa local em relação à americana.

Mas quando se compara os dois índices, excluindo-se os setores de commodities e de bancos – ou seja, o conjunto de ações que reflete mais diretamente o desempenho da economia doméstica -, a relação preço/lucro está em 14,5 vezes, próximo do nível de 15 vezes observado às vésperas da eleição de 2018, diz Campanhã.

No início de 2019, ano em que as expectativas para a economia brasileira eram muito otimistas dada a promessa de adoção de uma agenda econômica mais liberal, esse múltiplo chegou a 19 vezes. Para o gestor, dado o contexto atual e das dificuldades para o crescimento econômico, é possível dizer que essas ações operam com um nível adequado de preço. Uma mudança positiva nessa dinâmica dependeria do crescimento econômico e da redução do risco país.

“Nenhum investidor estrangeiro virá para o país enquanto não houver um cenário político mais claro, a menos que o ativo esteja extremamente barato”, afirma. “Então, não dá para dizer que haverá uma entrada sistemática desse investidor.”

Os preços e as condições de mercado de alguns setores sugerem que há mais movimentos de compra de participação a caminho, diz Sergio Goldman, gestor e chefe de pesquisa da Esh Capital. Ele cita o segmento de comércio eletrônico, que não teria espaço para tantos concorrentes, e os bancos digitais, cujo crescimento acelerado nos últimos anos pode destravar um processo de consolidação. O setor de construção civil também é atraente nos casos em que haja complementaridade entre empresas, a depender do perfil de clientes e localização geográfica.

De todo modo, mesmo com os descontos observados na bolsa, Goldman considera que não é possível dizer que o mercado esteja barato olhando-se apenas para o histórico de “valuation” das companhias. Isso porque o nível de visibilidade sobre o crescimento econômico e, consequentemente, das companhias hoje está muito baixo. E essa é uma variável fundamental para se definir se a empresa está ou não barata.

“Diante disso, algumas empresas podem estar no preço justo, mesmo estando bem abaixo desse patamar histórico.”

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COMUNICADO

Alteração de nomenclatura
do ESH Theta FIM

ESH Capital - Fundos de Investimentos | Brasil

Caros cotistas,

Conforme comunicado enviado pela Intrag e e-mail enviado por nós da Esh Capital, o fundo Esh Theta FIM passou por um processo de masterização com finalidade de facilitar a gestão operacional dos ativos do fundo, e na prática, nada muda para quem já é cotista do fundo.

Porém, vale ressaltar que devido a Masterização, o fundo Esh Theta FIM teve sua nomenclatura alterada para Esh Theta 18 FIC FIM.

Em caso de dúvida, favor nos contatar no (11) 3181-3333 ou através do e-mail [email protected].

Atenciosamente,

Esh Capital Investimentos.

COMUNICADO

MASTERIZAÇÃO DO ESH THETA FIM

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Caros cotistas,

Conforme comunicado enviado pela Intrag por e-mail a respeito da Assembleia de Masterização do Esh Theta FIM a ser realizada em 07/03/23, gostaríamos de prestar alguns esclarecimentos.

O processo de Masterização tem por objetivo facilitar a gestão operacional dos ativos do fundo. Pelos benefícios efetivos, a masterização é uma prática bastante difundida na indústria e esse processo não acarretará em mudanças para os cotistas, tanto em relação a estratégia atual do fundo, quanto em alterações nas taxas de administração e performance, ou mesmo prazo de resgate do fundo, todos esses pontos serão mantidos da mesma forma.

Na prática, nada muda para quem já é cotista do fundo.

Em caso de dúvida, favor nos contatar no (11) 3181-3333 ou através do e-mail [email protected].

Pedido de Convocação de Assembleia Geral Extraordinária da Gafisa S.A para o dia 10/02/2023

Pedido de Convocação de Assembleia Geral Extraordinária da Gafisa S.A solicitado na forma do art. 123, Parágrafo único, “c”, da Lei Federal nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 (“Lei das S.A.”), e da Resolução CVM nº. 70, de 22 de março de 2022 (“Resolução CVM 70/22”).
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