Multimercado que aposta em ‘erros’ rende 100%
Fundo ganha dinheiro entrando em discussões com diretoria e/ou conselho sobre distorções
que possam destravar valor para a companhia ou para uma das ações
Por Naiara Bertão – De São Paulo 15/10/2021
Um retorno de 100% para um fundo de investimento multimercado em apenas nove meses
pode fazer brilhar os olhos do investidor. Mas fica menos atrativo quando se explica que, para
chegar a esse resultado, a oscilação da rentabilidade beirou 66% no período. E se
acrescentarmos o fato de que o fundo busca ganhar dinheiro com injustiças ou erros de
governança de empresas que podem destravar valor ou valorizar a participação dos
minoritários, em eventos que podem levar anos para serem provados e até chegar aos
tribunais?
É isso que faz o ESH Theta FIM, o fundo multimercado com melhor desempenho neste ano.
Fundada em 2015, a gestora Esh Capital conseguiu a proeza de ter o melhor fundo entre os
multimercados em um ano em que o CDI aparece com rentabilidade nominal de 2,52% até
setembro; o índice IRF-M, calculado pela Anbima e que reflete o desempenho de uma carteira
teórica de títulos públicos prefixados, recuou 2,95%; o dólar avançou 4,98%; e o Ibovespa,
principal índice de ações, perdeu 6,75%. O desempenho do produto diverge até mesmo do
retorno médio dos outros nove fundos multimercados mais rentáveis de 2021 até setembro, de
18,22%.
O gestor e sócio-fundador da Esh, Vladimir Timerman, diz que o fundo tem ao menos 60% de
seu patrimônio reservado para investir em “special situations”. Um exemplo dessas “situações
especiais” e o modo como o fundo atua foi seu envolvimento na proposta de incorporação da
empresa de fidelidade Smiles pela companhia aérea Gol. Timerman e sua equipe participaram
ativamente das discussões sobre o preço de conversão das ações para os acionistas
minoritários.
O restante do patrimônio é dividido entre uma carteira de ações negociadas na bolsa com foco
em longo prazo (replicando a carteira de outro fundo da casa, o Esh Prospera FIA), de 10%,
enquanto os outros 20% a 30% são aplicados em portfólio de arbitragem, que busca ganhar dinheiro com pequenas distorções de preços do mercado. “Se precisar de limite de risco para a
carteira de ‘special situations’ eu pego dos outros books”, diz Timerman.