Briga na Gafisa: acionista quer destituir conselho e cancelar aumento de capital
Fundo Esh Theta, do investidor Vladimir Timerman, quer propor uma ação de responsabilidade contra os administradores e membros do conselho fiscal da construtora
O fundo Esh Theta, do investidor Vladimir Timerman, publicou nesta segunda-feira, 12, um comunicado em que convoca os acionistas da Gafisa para uma assembleia geral
extraordinária programada para o dia 2 de janeiro, às 10h, na sede da incorporadora, no
bairro Vila Nova Conceição, em São Paulo.
A pauta da assembleia, segundo a Esh, envolverá uma proposta de ação de
responsabilidade contra os administradores e os membros do conselho fiscal da Gafisa,
bem como demais responsáveis solidários, a quem o fundo acusa de terem causado
prejuízos à companhia em decorrência de supostos atos ilícitos e operações irregulares
entre 2019 e 2022.
Na pauta também consta proposta de destituição dos membros do conselho de
administração e do conselho fiscal e eleição de novos representantes para essas posições,
em virtude de uma suposta quebra dos deveres fiduciários. O último item da pauta inclui
o cancelamento e/ou não homologação do aumento de capital social de R$ 150 milhões
anunciado pela incorporadora.
Acionista minoritário
A Esh possui mais de 4% de ações da Gafisa e diz ter tomado a iniciativa de convocar a
assembleia por conta própria porque os administradores da incorporadora não acolheram
o seu pedido para organização da reunião. O fundo notificou a companhia no fim de
novembro.
A Gafisa publicou um fato relevante no fim da noite de 8 de dezembro informando que o
conselho de administração autorizou a convocação de uma assembleia a pedido de um
acionista. Na ocasião, porém, não foram abertos mais detalhes sobre data, hora e local da
reunião, tema do encontro, nem quem seria o acionista solicitante.
“Muito embora o pedido esteja baseado em alegações e suposições que já foram repetidas
e extensamente explicadas ao acionista solicitante, seguindo seu dever legal, o conselho
de administração da companhia deliberou autorizar a convocação de assembleia geral
extraordinária”, afirmou a empresa no comunicado oficial.
“As explicações quanto às matérias solicitadas pelo acionista, acompanhadas das
informações e documentos relacionados às matérias a serem deliberadas na assembleia
serão oportunamente divulgados”, emendou a direção, sem mais detalhes.
Insatisfeito com o posicionamento, o fundo enviou uma nova notificação à empresa neste
domingo, dia 11 de dezembro, copiando também a Comissão de Valores Mobiliários
(CVM).
Neste documento, a Esh argumenta que a Gafisa teria oito dias para convocar a
assembleia após a primeira notificação. Como a reunião não foi marcada, na prática, o
fundo diz ter direito de tomar a iniciativa por conta própria.
“A administração da Gafisa deixou os acionistas em um verdadeiro limbo sobre a
realização da assembleia, enquanto a companhia vem sofrendo com os atos perpetrados
por seus membros”, descreve o fundo. “A única alternativa que resta é promover a
convocação da assembleia geral extraordinária”, complementa, reiterando o pedido à
Gafisa para divulgação de um fato relevante com o chamamento para a reunião.
Procurada, a Gafisa não deu mais explicações à reportagem.
Presença constante no ringue
Conforme revelou a Coluna do Broadcast na semana passada, Timerman levantou a
suspeita de que o aumento de capital em andamento e outras injeções de dinheiro já
realizadas na Gafisa teriam o propósito de comprar terrenos ligados a negócios do
controlador da incorporadora, o empresário Nelson Tanure.
Os advogados do empresário negaram tais fatos e afirmaram que essas manifestações
seriam anexadas em outro processo no qual o dono da Esh responde por calúnia,
difamação e perseguição contra Tanure.